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Jogada de campeão

  Gilvano Diniz (foto), 34 anos, nasceu com hemiplegia - paralisia cerebral que atinge metade do corpo. No caso dele, os movimentos do lado esquerdo foram prejudicados. Mas a dificuldade nunca foi problema para o jovem nascido em Curianópolis, no Pará. Ainda criança passou a praticar vários esportes e, aos 10 anos, ganhou a oportunidade de disputar uma partida de futebol no exterior. Mas a idade mínima para participar era 12 anos. Como ele ainda não tinha certidão de nascimento, o pai ‘resolveu’ o problema: apareceu com um registro no qual constava o nascimento dois anos antes. - Eu pude viajar e de lá para cá tirei todos os meus documentos com aquela certidão – conta Gilvano, que não sabia do ‘jeitinho’ praticado pelo pai, já falecido. Em 2008, começou a se destacar no vôlei sentado. Durante os intervalos dos treinos, na sede do Vasco da Gama, em São Januário, Zona Norte do Rio, olhava com interesse para os atletas que participavam de outra modalidade: o futebol. Não demorou muito a mudar de esporte. Rodrigo Terra Cardoso, técnico do futebol de PC (paralisia cerebral) paralímpico, explicou a rápida ascensão: - Em 2012, ele perguntou se poderia participar do nosso treinamento. Acabou ficando e gostando, se desenvolveu bem e rapidamente chegou à seleção brasileira. Foram várias competições pelo Futebol de 7 para Paralisados Cerebrais (PC), com viagens a sete países. A surpresa veio ao tirar a segunda via da certidão, em 2017, para casar-se. - A certidão foi contestada porque as informações do documento não constavam no cartório. Apesar de tudo, tenho uma recordação muito positiva do meu pai porque se não fosse ele talvez eu não estivesse hoje no mundo do futebol. “A certidão que consegui regularizar com ajuda da Justiça Itinerante é a minha maior conquista. Sem ela não consigo outro troféu.”  Driblando adversidades A busca pela regularização do próprio registro de nascimento, exigiu esforço e persistência de Gilvano. - Eu fiquei cerca de dois anos indo a cartório, cumprindo exigências, tudo o que eles pediam eu fazia, mas o próprio pessoal de lá me dizia que eu não iria conseguir tirar a certidão sozinho. E, durante o processo, mais problemas surgiram: - No ano passado, não consegui me matricular na faculdade porque estava sem certidão. E no Campeonato Brasileiro, alguns atletas que sabiam da minha condição passaram para um técnico adversário. Como ganhamos do time deles, chegaram a recorrer administrativamente para vencer no ‘tapetão’. Foi quando o atleta soube da existência do Programa Justiça Itinerante do TJRJ. Orientado pela Defensoria Pública, procurou a unidade móvel especializada em sub-registro na Praça Onze e finalmente conseguiu a tão sonhada certidão. - Demorou um pouco porque fizeram algumas exigências. O processo era um pouquinho complicado, mas nem se compara com o tempo que aguardei no cartório sem resultado. Com a certidão em mãos, a expectativa do atleta agora é treinar com tranquilidade e ser escalado para as próximas viagens. Um alívio para o técnico Rodrigo Terra Cardoso: - Agora ele está liberado para viajar e competir. O desempenho dele é excelente. Faz muita falta para a equipe. E o que é mais importante para Gilvano? O título por mais uma conquista dentro de campo ou a certidão de nascimento finalmente regularizada? - A certidão! Sem ela não consigo outro troféu – afirma.   Agilidade nos procedimentos A juíza Cláudia Maria de Oliveira Motta, da 3ª Vara Cível de São João de Meriti, explicou que antes do trabalho realizado pelo ônibus o processo para fazer a certidão tardia demorava de cinco a dez anos e corria o risco de ser arquivado. Atualmente, é possível fazer em três meses pelo Justiça Itinerante, e, dependendo do caso, no mesmo dia. - O atendimento no ônibus é diferente do cartório. O juiz tem contato direto com as pessoas que contam suas histórias. Então, é um enfoque diferente porque no papel nós muitas vezes não sabemos o que está acontecendo e nem temos a dimensão do caso. São muitas histórias fora da curva que a gente custa a entender. Todos que procuram pelo serviço na unidade móvel são atendidos, é feita a petição inicial e depois a audiência. É uma celeridade e uma efetividade como a gente nunca teve no Judiciário. SV/ FS Fotos: Brunno Dantas/ TJRJ        
14/11/2019 (00:00)
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